Embora a história das nossas pesquisas aplicadas tenha mais de uma década, há 10 anos começamos formalmente como Ubilab, em um lugar físico, inicialmente em uma sala no Prédio 7, da Famecos, PUCRS, e logo em seguida no Tecnopuc. A criação do laboratório tem um significado mais profundo. Além de termos uma sala com mesas e computadores, nossa ideia era criar um espaço de experimentação contínua. Buscamos inspirações em outras ciências, testamos objetos de diversas formas e procuramos saídas para os problemas, indo além da análise de fenômenos já existentes. Nada de errado com isso, mas na nossa visão faltava uma parte importante: influenciar, provocar e devolver para a sociedade o resultado do que passamos horas, dias e meses trabalhando. Uma das nossas inspirações é a espécie de mantra interno do Media Lab, do MIT, “se já existe alguém trabalhando nisso não nos interessa”. Ok, não conseguimos levar tão ao pé da letra, mas nosso esforço resultou em uma proposta de patente e diversas inovações transformadas em produtos ou que ainda vão ganhar o mundo algum dia.
Antecipar o futuro não é mera questão de chute e muito menos irresponsabilidade. Buscamos evidências, testes e muitas vezes criamos a própria metodologia para isso. Uma das nossas marcas é pensar por este ângulo desde o início de cada pesquisa, desenvolvendo métodos e até mesmo softwares específicos para cada caso.
Um dos pontos que sempre defendemos para entender tecnologias pessoais é que elas precisam ser realmente pessoais para nós. Com isso, usamos diversos smartphones antes do iPhone (alguns de formatos duvidosos), publicamos aplicativos com Realidade Aumentada, quando o termo nascia, voamos drones antes da DJI ganhar o mercado, vestimos o Google Glass no seu lançamento em beta, levamos o Oculus Rift para a sala de aula antes de ser comprado pelo Facebook e fomos os primeiros no Rio Grande do Sul a comprar um carro elétrico. Tudo isso para entender os usos antes das explosões, para também compreender a tecnologia enquanto ela ainda é nova e pouco incorporada aos nossos comportamentos.
Este movimento todo aconteceu e acontece porque temos grandes parceiros. Três deles marcaram nossa trajetória: Grupo RBS, DB Server e Globo. As empresas deram carta branca para a equipe propor ideias que apareciam durante as pesquisas. Trabalhamos mais de 5 anos com as três e ainda estamos juntos das duas últimas. Nossos parceiros nos mostraram que podemos convergir as nossas ideias e horizontes de pesquisa com o interesse do mercado. Podemos sim, na área da Ciências da Comunicação, solucionar além de detectar problemas. Sobretudo aprendemos que podemos e devemos cada vez mais ser transversais em conexão perene com as outras ciências. A mistura de culturas, saberes e opiniões é a essência da descoberta de algo que nunca foi feito. Ela não vem de padrões estabelecidos, mas da rebeldia em duvidar sempre da eficiência da repetição.
Obrigado ao Tecnopuc e a toda a área de inovação da PUCRS pelo apoio em impulsionar este ambiente de conexões. Somos gratos também aos alunos e colegas da Famecos e de outras unidades e universidades pela parceria, sobretudo por ajudar a conectar o conhecimento. No balanço deste primeiro grande ciclo do Ubilab, agradecemos aos nossos bolsistas de todos os níveis pelas contribuições e por aceitarem embarcar nesta jornada. O reconhecimento da trajetória também se evidencia pela conquista, no final deste 2021, das duas bolsas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq aos dois investigadores coordenadores do Ubilab.
Aprendemos muito com estes 10 anos, mas já estamos há muito tempo trabalhando nos próximos 10.
André Fagundes Pase e Eduardo Campos Pellanda
